Um pouco de... Sophia de Mello Breyner Andresen

Quem não conhece Sophia de Mello Breyner Andresen?
Nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919 e morreu em Lisboa a 2 de Julho de 2004. Estudou Filologia Clássica (Filologia é o estudo crítico dos textos escritos de uma língua, para se estabelecer a sua forma original, basicamente descobrir a sua origem e significado. Juntando o Clássico, é relativo às literaturas e culturas da Antiguidade Clássica, como o grego e o latim. Resumindo, percebermos como essas línguas chegaram aos nossos tempos.) e foi mãe de cinco filhos.
Porque digo isto? Por a maior parte das pessoas, a conhecerem como escritora de contos infantis mas além da literatura infantil, escreveu também contos, artigos, ensaios, teatro e poesia.

Como amante de literatura, seja qual género for, não vou mentir e dizer que a conhecia só pela sua escrita mais infantil. Este é um dos meus poemas preferidos e “esbarrei” nele duas vezes, sem querer. Na primeira vez, não me captou totalmente a atenção mas na segunda, cada palavra ficou gravada na minha memória e partilho convosco…

O mar dos meus olhos


Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma 



Traduzir o olhar das mulheres, com a profundidade do mar é maravilhoso porque quem tem essa imensidão, traz consigo milhares de histórias, de sentimentos,… e não há nada que possa derrubar uma pessoa assim, por ser uma fortaleza, por carregar consigo um infinito de coisas e continuarem com um sorriso na face.
É uma bela mensagem, não é mesmo?

Contudo, para aqueles que não apreciam tanto a poesia e queira dar um livro mais infantil, tem os contos como “Menina do Mar”, “A Fada Oriana”, “A Floresta”, “O Cavaleiro da Dinamarca”, “O Rapaz de Bronze”, etc. estes são os mais conhecidos e alguns estudamos na escola. E quem quiser dar uma espreitadela à sua prosa tem “Os Três Reis do Oriente”, “Histórias da Terra e do Mar”, “O Anjo de Timor”, etc.

Gosto muito do global das suas obras, poesia e prosa, li muitas e sempre ficaram na minha lista de livros que queria ter na minha biblioteca pessoal. Deixo-vos com uma citação da mesma e espero ter-vos criado alguma curiosidade ou simplesmente, terem aprendido um pouco mais.

“Para escrever é preciso ser impessoal. A arte é uma mimesis que só se dá quando o artista põe o eu entre parêntesis. É um bocado, de facto, uma teoria da despersonalização. Além disso não gosto de falar de mim própria, coisa que não leva a nada, porque a pessoa que escreve procura, de facto, intuitivamente, tornar-se uma página em branco, criar em si própria um certo vazio.”

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