Já diz o ditado...

Já o ditado o diz “Depois da tempestade, vem a bonança”.

É bom acreditarmos que depois de momentos menos bons, a esperança de que, algo quebrará essa “tempestade” e trará uma amanhã cheia de coisas boas ou mais amena.
Sei que é difícil acharmos algo bom quando tudo parece conspirar, para que corra mal. Permitimos que a energia positiva permaneça. O mal, é quando caímos, quase derrotados ao chão porque estamos exaustos.

Contar-vos-ei uma história, pessoal…

Lembro-me perfeitamente da data e ainda hoje lido com as consequências disso. No meu décimo primeiro ano, na aula de educação física, não sei bem como, lesionei-me. Pela avaliação dos médicos, passado uma semana eu estaria toralmente recuperada, contudo, mudou completamente a maneira de viver o meu dia à dia, porque as coisas não eram assim tão simples. E durante o processo, houveram demasiadas complicações, por parte de uma identidade que todos nós podemos vir a precisar e que diariamente lida com pessoas, o hospital.
Na minha mente, eu só queria recuperar e pôr a funcionar um joelho chato, que decidiu lesionar-se sem me pedir autorização. Fiz duas amigas chamadas "moletas", que me aturaram por dois anos e um amigo fisioterapeuta, João, que sabia perfeitamente quando me doía, quando lhe dizia que não. Sem esquecer a companhia da mana durante todos as sessões, que tinha todos os dias depois das aulas. Ainda fui operada no meio disso tudo.
Durante esse período e acho que nunca disse a ninguém, houve uma altura que só me apetecia gritar com o mundo porque os resultados não apareciam e eu só queria poder sentir novamente o pé no chão mas o joelho não mexia. Foi frustrante, enervei-me muitas vezes comigo própria, foi saturante,… Cada dia que passava, via a minha energia desaparecer e a vontade, a fugir. No entanto, todos os dias me levantava com um sorriso na cara e contava-os para a meta final, poder caminhar sozinha.

Recuperei 70/80%, aprendi a andar e a fazer tudo o que supostamente deveria estar sabido à muito tempo, ensinaram-me troques que nós não ligamos nenhum, na nossa maneira de andar mas assim a probabilidade de me magoar era menor, etc. Muita gente que me conhece pessoalmente diz que a chave desta recuperação foi minha, por nunca ter deixado que a dor ou outro obstáculo vence-se. Mas não fui eu.

Foram os meus amigos e colegas, que carregavam a minha mochila e os meus materiais todos para as aulas de desenho, quando eu insistia que podia fazê-lo.
O sr. Filipe que durante dois anos foi meu motorista e me levava para todo o lado quando, saia de casa.
Os meus pais, que apesar de terem chorado quando viram o meu estado (foi mais a mãe), tiveram paciência para alguns momentos de mau humor e afins.
À mana, que por vezes fazia de minha empregada e aturava-me.
Ao João, que passado uns meses começou a ver que o meu riso ou gargalhada eram sinais de dor e que me puxava ao limite porque sabia que aguentava.
Entre outras pessoas que sempre estiveram ao meu lado.

Isto para vos dizer que, tive alturas que não via esperança nenhuma e depois de parar para refletir ou suspirar, sabia que nunca desistiria de procurar uma solução para a lesão que tinha. É chato ouvir “Ai coitada” das pessoas, sempre que abriam a boca para falar connosco mas a energia daquelas que me apoiavam, estava sempre comigo!
Hoje, apesar de algumas dores que me habituei e nunca digo a ninguém, faço tudo o que quero e sinto novamente o pé no chão. Mas lembro-me sempre que tenho de ter cuidado, apesar de às vezes abusar.

As tempestades são fatigantes mas cabe a cada um, vê-la por uma perspetiva diferente e que ninguém espera existir porque é aí que nos vamos refugiar! Que vamos lutar! Que vamos manter a força! Essa é a saída para a bonança.

Não percam a vossa e se precisarem, dou-vos um pouco da minha força.

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