Um pouco de... Luís Vaz de Camões


Não se sabe a data certa porque antigamente não se faziam registos de nascimento mas fala-se em duas datas, 1524 ou 1525. Passou a sua infância e juventude em Coimbra, que, na altura, era um grande centro cultural. Filho de nobres, frequentou a Corte de D. João III, mas o que mais gostava era da vida boémia e para a infelicidade dos fidalgos ricos, invejavam a grande facilidade que este tinha em conquistar corações femininos.
Com estas características, de quem posso estar a falar?

Luís Vaz de Camões.

Todos nós o conhecemos porque estudamos a sua obra “Os Lusíadas”, que enaltece os feitos heróicos dos Portugueses, desde reis aos navegadores. Contudo, ao longo da escrita do manuscrito, escreve um dos sonetos mais bonitos e que toda a gente já o leu…

Amor é um Fogo que Arde sem se Ver


Amor é um fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói, e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer. 

É um não querer mais que bem querer; 
É um andar solitário entre a gente; 
É nunca contentar-se e contente; 
É um cuidar que ganha em se perder; 

É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata, lealdade. 

Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

É realmente, belo, não é? Mas este não é o meu preferido. No entanto, antes de vos dizer qual é, deixo-vos com outra curiosidade. Apesar de “Os Lusíadas”, ser inspirado nas obras da Antiguidade Clássica, este nunca teve o relevo merecido, na sua época. Em 1572 sai a primeira edição e é dedicada ao rei D. Sebastião, pelo jovem autor. Pouco tempo depois, dia 10 de Junho de 1580, morre.
Um dos meus poemas preferidos, intitula-se como “Alma minha gentil, que te partiste”

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Por vezes, e infelizmente, os artistas só são reconhecidos quando partem porque simplesmente não lhes dão o devido valor. Como Camões diz: “E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.”


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