Não vale a pena dizer muito, fiquem então, com estas palavras...
"Conheço e admiro uma Guerreira.
Com a inocência dos seus 19 anos conheceu o casamento que seria para a vida e com a pressão familiar o casamento aconteceu seis meses depois. Os tempos eram difíceis e casar uma filha seria menos um encargo no seio da família. Abdicou do pouco que tinha por alguém que pensava amar. Na década de 60 os militares viram-se obrigados a combater na guerra colonial emigrando para as colónias deixando para trás as mulheres, filhos e amigos.
A frágil menina, já com um filho, ficou por terras lusas na
esperança que o seu marido, em pouco tempo, voltasse da guerra. Os anos foram
passando e nada mudara. As cartas viajavam, mas a saudade aumentava. Um dia,
embarcou com a esperança de dias melhores.
O filho crescera no seio de uma nova realidade e liberdade
que só Angola lhe podia trazer. A ele juntou-se um irmão. Nascido como que por
milagre face aos escassos meios que possuíam e colocando em risco de vida esta
menina, já mulher. Certo dia, a passividade desaparecera das belas terras de
que ainda hoje me falam e, debaixo de fogo, esta mãe fugiu para Portugal com os
dois filhos, um deles ainda nos braços.
Cuidou, criou e amou esta família sozinha, desde a sua
juventude até aos dias de hoje. As experiências vividas na guerra não lhe saem
da mente deixando lesões, principalmente, no marido. Este herdara um carácter
rígido e autoritário levando-o a tomar comportamentos inaceitáveis,
intolerantes e impetuosos perante a mulher e os filhos. Com o marido fora
durante a guerra ela tomou a gestão da casa sendo que ainda permanece assim, o
que causa uma revolta e até inveja no seu marido.
Perante toda a situação, nunca se deixou abalar. Continua a
dar tudo o que tem à família, faz a gestão financeira, as lides domésticas,
todas as refeições. Cuidou e cuida dos netos, dos seus pais, tolera os
comportamentos do marido, sem nunca desistir, sem nunca dizer que está cansada.
Ela sorri apenas com o olhar. Todos os dias, a sua alegria alimenta-se da
felicidade dos outros, da sua família. Prescinde dos próprios sonhos pelo
bem-estar dos que mais ama.
Guerreiras para mim são estas: as lutadoras do dia a dia, a
mulheres que não se rendem e que põem os sonhos dos outros à frente dos seus.
Esta é uma verdadeira MULHER, esta de que me orgulho todos os dias de conhecer.
Admiro as mulheres do passado, que viveram situações que
nunca na vida sentirei na pele. Lutaram contra tudo para sermos o que somos
hoje e graças a elas podemos sair à rua e fazer a nossa vida, independentemente
da dos outros. A geração de hoje não é menos importante, mas muito lhes deve.
Esta senhora ainda hoje me diz: “Luta por ti, porque eu não
pude fazê-lo.”
Márcia Carvalho"
Adorei ter a Márcia aqui no Entrelinhas e como eu, ela tem um projeto que ainda está no seu início. Podem segui-la no instragram @estacaomarteoficial, estarem a par de todas as novidades e verem o que nos tem para oferecer. Como criadora de conteúdo, é uma honra, receber outros que só querem dar asas à imaginação, serem criativos e fazerem o que gostam realmente. Contudo, é sempre necessário termos apoio dos nossos leitores, das pessoas e por isso, passem por lá.
Que venham mais iniciativas e participações especiais, entre nós!
Márcia Carvalho"
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