Minha Segunda Mãe

É um facto de que, hoje me dei conta que são cinco anos sem a tua presença física e que permaneces infinitamente no meu coração. Devo confessar que, na altura em que partiste, as palavras escritas deixaram de fazer sentido e como agora, enquanto o faço, a minha garganta aperta e sinto aquela dor chata que bate nas paredes da minha alma.
Lembro-me de cada mensagem que te deixei, na esperança de as leres mas o mais importante, libertar o que as minhas lágrimas derramaram quando fechaste os olhos eternamente. É bom ter um pouco de ti porque me fazes crescer. Em todos os meus discursos que preparei, para a apresentação do meu livro, continham ensinamentos teus. A simplicidade de saber ouvir, observar aqueles detalhes que mais ninguém dá conta, a dar importância ás histórias que não se vê,… tudo isto e mais algumas coisas, foste tu, que de alguma forma, me dizias que existia dentro de mim mas só as via, quando os versos formavam os poemas que andavam livremente nos meus cadernos.



Uma das perguntas que mais me fazias, enquanto crescia era “Sofia, ainda ajudas o Senhor Padre?”, talvez com receio de começar a ter vergonha de ser acólita e estar no altar porque as pessoas comentavam mas tenho 25 anos e sempre que posso, continuo a ajudar podes ficar descansada.
Sou a tua primeira bisneta e a ligação que tenho contigo, não a sei descrever… É difícil. Só sei que, sempre que colocava os pés no chão, os caminhos me levavam a ti e todos sabiam disso.
Amava ouvir as imensas peripécias, que contavas, da tua vida.
Amava seguir-te pelos campos e aprender o nome de tudo o que apanhavas.
Amava simplesmente ter a tua presença porque eras e és, a pessoa que via a minha essência e não tentavas mudar.
És para mim, a minha segunda mãe e continuarás a ser porque no silêncio, ainda procuro a tua voz acolhedora que sempre me aconselhou e aconselha. Irei prolongar as lembranças até que a minha memória falhe, por puro avançar dos anos. No entanto, eu sei que não falhará… Revelo-te que tive de aprender a ser novamente feliz porque algo se apagou em mim e o vazio apoderou-se, quando dei conta que não estavas cá realmente. Preferia que tivesse sido um sonho, acordar e correr para os teus braços. Mas não foi… esta será sempre a melodia quebrada, que não conseguirei consertar.

Não é fácil…
Por isso, é que todos os anos, neste mesmo dia, pouso o lápis numa folha e deixo a mão livre. Livre para te relembrar.

Obrigada por teres cuidado de mim.
Obrigada por seres assim.
Apesar das saudades,
Este é o meu amor incondicional por ti.

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